Trump divulga vídeo de ataque militar a embarcação venezuelana e gera repercussão mundial

Operação no Caribe deixa 11 mortos e viraliza nas redes

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a chamar atenção nesta terça-feira (2) ao publicar um vídeo de uma operação militar contra uma embarcação venezuelana no Caribe. Segundo ele, 11 pessoas morreram na ação, classificadas como “terroristas”, sem que houvesse baixas entre os militares norte-americanos. O material, divulgado diretamente em sua rede Truth Social, viralizou entre apoiadores e críticos, ampliando o debate sobre a política externa de Washington.

Imagens de drones transformam ação em propaganda oficial

O vídeo divulgado mostra caças americanos perseguindo a embarcação até o momento em que ela é alvejada e começa a afundar. A edição inclui ângulos de drones, imagens de helicópteros e legendas que celebram o “sucesso da operação contra o narcotráfico internacional”. O tom de propaganda chamou atenção, sobretudo por ter sido compartilhado pelo próprio presidente, sem intermediação de canais oficiais do governo.

Retórica dura contra a Venezuela

Na publicação, Trump acusou o governo venezuelano de ser “cúmplice do narcotráfico” e de abrigar cartéis que ameaçariam a segurança norte-americana. “O mundo não pode mais tolerar estados cúmplices do narcotráfico”, afirmou. A fala reforça a estratégia de sua gestão de se apresentar como liderança implacável diante do crime organizado, mas gerou preocupações internacionais quanto a possíveis violações de soberania.

Caracas acusa Washington de agressão

O governo da Venezuela reagiu rapidamente. Em nota oficial, Caracas negou qualquer ligação da embarcação com drogas, alegando que se tratava de um barco de pesca local. O chanceler Yván Gil classificou o episódio como “execução extrajudicial em águas internacionais” e prometeu levar o caso à ONU. Para o governo venezuelano, Trump estaria “usando a violência como espetáculo político”.

Especialistas veem cálculo político no episódio

Para analistas em relações internacionais, a divulgação do vídeo não foi improvisada, mas sim um gesto estratégico. “É uma demonstração de força destinada ao público interno e a rivais externos”, avalia a professora de geopolítica Mariana Correia, da USP. Segundo ela, há risco de que a retórica de guerra ao narcotráfico seja usada como justificativa para ampliar ações militares unilaterais na América Latina.

Direitos humanos cobram investigação independente

A repercussão também foi intensa dentro dos EUA. Democratas acusaram Trump de explorar politicamente uma operação “de legalidade questionável”, enquanto republicanos celebraram a ação como “vitória contra o crime organizado”. Já entidades como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional pediram apuração independente, alertando para a normalização de execuções militares sem julgamento. O episódio reforça a imagem de uma política externa marcada pelo uso espetacularizado da força e pela escalada de tensões com a Venezuela.