Felca revela ameaças e segurança reforçada após denunciar exploração infantil na internet

O humorista e criador de conteúdo Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, vive sob segurança reforçada em São Paulo após receber ameaças por expor casos graves de exploração da imagem de menores e irregularidades em apostas esportivas divulgadas por influenciadores.

A rotina sob proteção

Em entrevista a um podcast, Felca contou que passou a circular com carro blindado e seguranças. As ameaças se intensificaram depois da publicação do vídeo “Adultização”, de 50 minutos, que investiga e denuncia perfis e conteúdos que expõem crianças de forma sexualizada para gerar engajamento e lucro.

A produção, que levou mais de um ano de apuração, já ultrapassou 100 milhões de visualizações no Instagram. No material, ele cita o caso do influenciador paraibano Hytalo Santos, acusado de exploração de menores, e detalha como algoritmos acabam favorecendo a disseminação desse tipo de conteúdo, atraindo até criminosos sexuais.

Apoio de especialistas e alerta judicial

Para aprofundar o debate, Felca entrevistou especialistas, incluindo uma psicóloga infantil, e ouviu a juíza Vanessa Cavalieri, que reforçou os riscos de exposição infantil nas redes. A magistrada alertou que até postagens em perfis privados podem ser capturadas por criminosos e defendeu mais responsabilidade de pais, plataformas e do Estado.

Ela também citou o PL 2628/2022, aprovado no Senado e em análise na Câmara, que impõe regras mais rígidas para empresas de tecnologia protegerem menores de idade, como a obrigação de cumprir suas próprias políticas de idade mínima.

Entre o humor e a vigilância social

Com mais de 5,23 milhões de inscritos no YouTube e 13,7 milhões de seguidores no Instagram, Felca construiu sua carreira no humor e em reações a conteúdos virais. Nos últimos anos, porém, passou a adotar um tom mais investigativo e combativo, usando sua influência para expor práticas nocivas.

Mesmo diante de ameaças e possíveis processos, ele afirma que não pretende recuar:

“É desconfortável, perigoso, mas necessário. Se ninguém fala, nada muda.”

A postura do criador reforça que o entretenimento digital também pode ser ferramenta de denúncia e proteção social, especialmente em um cenário onde a segurança e o bem-estar de crianças na internet estão sob constante ameaça.