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Tristeza e dor: Morre a querida empresária Natália Cavanellas, dona da… Ver mais

Era para ser apenas mais um passo rumo à autoestima ideal. Uma cirurgia marcada, exames em dia, histórico de saúde limpo. A empresária Natália Cavanellas Thomazella, de 40 anos, entrou no centro cirúrgico do Hospital San Gennaro, na Zona Leste de São Paulo, confiante, pronta para realizar três procedimentos estéticos: lipoaspiração, injeções nos glúteos e ajustes em próteses mamárias implantadas anos antes. Horas depois, no entanto, ela sairia de lá sem vida — vítima de uma parada cardiorrespiratória ainda sem causa confirmada.

O caso, registrado como “morte suspeita” no 42º Distrito Policial, mergulhou amigos, familiares e seguidores da empresária em um turbilhão de choque e questionamentos. O que deu errado? Por que um procedimento planejado, aprovado por exames e conduzido por um profissional experiente terminou em tragédia?

A última cirurgia

Segundo o boletim de ocorrência, por volta das 16h20, já na etapa final da cirurgia, Natália recebeu uma injeção na região glútea. Foi então que tudo mudou. Em instantes, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória. A equipe médica, liderada pelo cirurgião plástico Edgar Lopez, iniciou manobras de reanimação. Apesar de uma breve resposta inicial, Natália não resistiu.

A hipótese levantada pelos médicos: embolia gordurosa — uma complicação rara, mas potencialmente fatal, em que pequenas partículas de gordura entram na corrente sanguínea e bloqueiam artérias vitais. Uma explicação médica, sim, mas que não apazigua o sentimento de perda nem silencia as dúvidas.

Quem era Natália Thomazella?

Com mais de 100 mil seguidores nas redes sociais, Natália era muito mais que um nome entre tantos no meio empresarial. Fundadora da agência Nc Hub360, especializada em relações públicas e networking corporativo, ela era referência em empreendedorismo feminino. Em março, foi homenageada pela Câmara Municipal de São Paulo como uma das 100 empreendedoras de destaque do ano. “Esse momento reforça ainda mais a importância de seguirmos transformando sonhos em realidade”, escreveu em uma de suas últimas publicações.

Um sonho interrompido. Um futuro cheio de planos que se dissolveu sob as luzes frias de um centro cirúrgico.

Um procedimento “dentro dos padrões”

A defesa do cirurgião Edgar Lopez afirmou, em nota oficial, que a operação seguiu “rigorosamente os protocolos de segurança e acompanhamento médico”. Ressaltou também que Lopez possui mais de 20 anos de experiência na área, e que a complicação enfrentada por Natália — uma embolia pulmonar, segundo a nota — é “rara, mas reconhecida na literatura médica”.

O Hospital San Gennaro, por sua vez, declarou pesar pelo falecimento da paciente e garantiu estar colaborando com as autoridades na apuração do caso. O corpo de Natália foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), que deve determinar oficialmente a causa da morte nos próximos dias.

Mas entre a burocracia dos boletins e a frieza dos laudos, uma pergunta ecoa entre amigos e familiares: era possível evitar?

A espera por respostas

Enquanto a investigação segue, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) confirmou que abriu um processo para apurar o caso. As conclusões, no entanto, devem levar semanas — talvez meses. Até lá, a dor da perda permanece acompanhada por um desconforto maior: o da incerteza.

A irmã de Natália informou à polícia que todos os exames pré-operatórios haviam sido realizados e aprovados, e que a empresária não possuía nenhuma condição de saúde pré-existente. “Estava feliz, saudável, confiante”, contou, em depoimento.

A comunidade médica, por sua vez, ainda mantém cautela ao falar sobre o caso. Especialistas em cirurgia plástica ressaltam que, embora raras, complicações como a embolia são conhecidas e, em geral, imprevisíveis. Contudo, o volume de procedimentos realizados simultaneamente, como no caso de Natália, levanta alertas sobre os riscos envolvidos.

Um alerta que vem tarde demais?

No Brasil, as cirurgias plásticas eletivas seguem em alta, impulsionadas por tendências estéticas e padrões cada vez mais exigentes. Influenciadores, empresárias, profissionais liberais — milhares de pessoas recorrem às mesas cirúrgicas todos os anos na busca por transformação. Mas até onde vai a segurança? E quando o desejo pelo “corpo perfeito” se torna um risco invisível?

A morte de Natália Thomazella não é apenas uma tragédia pessoal. É também um lembrete cruel de que nem sempre os protocolos e a experiência bastam para evitar o imprevisto.

Agora, resta à família a espera angustiante pelo laudo do IML e por respostas que talvez nunca tragam consolo completo — mas que, ao menos, possam lançar luz sobre o que se passou naquela sala de cirurgia.

Porque por trás dos bisturis e anestesias, há vidas. E algumas, como a de Natália, não podem mais contar sua versão da história.