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Polícial M4T4 esposa e atira na própria filha após ver elas fazendo s… Ver mais

Feminicídio cometido por PM choca Santos e expõe falhas estruturais no combate à violência doméstica

Uma tragédia abalou a cidade de Santos, no litoral de São Paulo, na noite desta quarta-feira (7). Um sargento da Polícia Militar, identificado como Samir, assassinou brutalmente a esposa com disparos de arma de fogo e múltiplas facadas, além de ferir a própria filha, que segue hospitalizada em estado grave. O crime, ocorrido dentro da residência da família, levantou sérias questões sobre o preparo e a responsabilização de agentes públicos envolvidos em casos de violência doméstica.

Crime dentro do próprio lar — e da corporação

O chamado inicial tratava de mais uma ocorrência de violência doméstica, como tantas enfrentadas diariamente por policiais. No entanto, desta vez, o agressor era um dos seus. Segundo a Polícia Militar, quando os colegas chegaram à residência, encontraram a esposa, Amanda, e a filha do casal escondidas em um cômodo, acompanhadas por um médico. Samir, por sua vez, se mostrava calmo e aparentemente desarmado, o que deu aos policiais a falsa impressão de controle da situação.

Mas, em um momento de descuido, Samir correu até outro cômodo onde havia escondido uma arma e abriu fogo contra as vítimas. Não satisfeito, dirigiu-se até a esposa caída e a esfaqueou aproximadamente dez vezes, tudo diante da filha, que também foi atingida, mas sobreviveu.

Estado de saúde da filha é mantido sob sigilo

A jovem foi levada com urgência ao hospital e permanece internada. Seu estado de saúde é considerado grave, mas estável. A identidade da filha não foi revelada por razões de segurança e respeito à vítima.

Feminicídio cometido por quem deveria proteger

O crime gerou forte repercussão entre moradores e organizações de defesa dos direitos das mulheres. Casos como esse — em que o agressor é agente da lei — revelam lacunas sérias nas políticas de prevenção e controle interno das forças de segurança. A investigação está sob responsabilidade da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, e o sargento foi preso em flagrante por feminicídio qualificado e tentativa de homicídio.

Impunidade e medo dentro da farda

Autoridades agora investigam se já havia registros anteriores de violência doméstica ou denúncias internas contra o sargento. O caso reacende o debate sobre a urgência de protocolos mais rigorosos para identificar comportamentos violentos dentro das corporações, com foco em acompanhamento psicológico, denúncias anônimas e afastamento preventivo de servidores em situação de risco.

Indignação nas ruas e nas redes sociais

Movimentos feministas organizaram protestos em frente à delegacia e nas redes sociais, cobrando respostas rápidas e punição exemplar. A comoção gerada pela tragédia chegou ao Palácio dos Bandeirantes: o governador do estado e a Secretaria de Segurança Pública emitiram notas prometendo reforço nas políticas de combate à violência de gênero dentro das forças de segurança.

Uma ferida social exposta

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra um feminicídio a cada seis horas. Quando o agressor é um policial, o medo das vítimas é potencializado pelo risco de retaliação e pela sensação de impunidade.

Reflexão final

A morte de Amanda e o sofrimento de sua filha não podem ser apenas mais um número nas estatísticas da violência contra a mulher. O caso deve servir de alerta definitivo: não basta combater a violência doméstica — é preciso impedir que ela se reproduza dentro das instituições responsáveis por combatê-la.

Que essa tragédia sirva de marco para mudanças reais e duradouras, dentro e fora da farda.