Missionária morre ao salvar filha em acidente no Rio; comunidade se despede com comoção

Tragédia em Cordovil

O bairro de Cordovil, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi tomado por dor e incredulidade no último domingo (10), após a morte da missionária Silvania Pereira, de 43 anos. Ela caminhava com duas filhas a poucos metros de casa quando um carro desgovernado avançou sobre a calçada. Em um gesto desesperado de proteção, Silvania conseguiu empurrar a filha de três anos para longe do veículo, mas acabou sendo atingida e prensada contra um caminhão.

Uma vida dedicada à fé e à família

Silvania era conhecida na região por sua atuação como missionária na comunidade de Parada de Lucas, onde conciliava o trabalho religioso com a profissão de manicure. Mãe de nove filhos — quatro deles ainda pequenos —, era considerada um exemplo de força e generosidade. Para vizinhos e amigos, sua morte representa não apenas a perda de uma líder comunitária, mas de uma mulher que fazia da fé a base de sua vida.

Testemunhas e investigação em andamento

Segundo familiares, o marido da vítima aguardava a esposa e as filhas em um carro próximo ao local e presenciou a tragédia. A motorista envolvida no acidente afirmou à polícia que o carro estava engrenado e que não conseguiu frear a tempo. O teste do bafômetro deu negativo, mas ela foi autuada por homicídio culposo, e o caso está sendo investigado pela 38ª DP (Brás de Pina).

Dor e pedidos de justiça

Em entrevista, a irmã da vítima, Luiza Santos, afirmou que o carro acelerou em vez de reduzir a velocidade em um quebra-molas. “Minha irmã jogou minha sobrinha para o lado e acabou sendo atingida. Queremos justiça”, desabafou, emocionada. Amigos e familiares organizam mobilizações para que a morte de Silvania não seja esquecida e que haja responsabilização efetiva.

Despedida marcada pela solidariedade

O velório de Silvania aconteceu na última quarta-feira (13), no Cemitério de Irajá, após uma campanha comunitária que arrecadou recursos para o sepultamento. Nas redes sociais, moradores e colegas de fé prestaram homenagens à missionária, exaltando seu ato heroico e a trajetória de entrega ao próximo.

Um legado de amor e coragem

A morte de Silvania reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade de pedestres no Rio de Janeiro, especialmente em áreas periféricas com pouca infraestrutura viária. Mais do que uma tragédia, sua história permanece como símbolo de amor incondicional, fé e coragem. Para sua comunidade, Silvania será sempre lembrada como uma mãe que deu a vida pela filha e uma missionária que partiu como heroína.