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FOI CONFIRMADO: 17 anos após crime Alexandre Nardoni foi s… Ver mais

Era um sábado, 29 de março de 2008. O relógio se aproximava das 22 horas quando a pequena Isabella Nardoni, de apenas cinco anos, foi encontrada agonizando no jardim de um prédio na Zona Norte de São Paulo. Ela havia sido jogada do sexto andar do edifício onde morava o pai, Alexandre Nardoni, com sua madrasta, Ana Carolina Jatobá. O que aconteceu dentro daquele apartamento nos minutos que antecederam a queda da menina continua a ser um ponto de inquietação, mesmo com o passar dos anos.

O caso não apenas chocou o país pela brutalidade, mas pela frieza e contradições que surgiram ao longo da investigação. O Brasil inteiro assistiu, perplexo, às reviravoltas, versões conflitantes e uma investigação minuciosa que parecia mais digna de um thriller do que da vida real.

Um crime que abalou o país

A comoção foi instantânea. Quem era capaz de jogar uma criança inocente pela janela? Como um pai, alguém que deveria proteger, estaria envolvido em um crime tão cruel?

Logo nos primeiros dias, a versão de Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá levantou suspeitas. O casal alegou que o apartamento havia sido invadido e que criminosos teriam jogado Isabella do sexto andar. Mas a polícia não encontrou sinais de arrombamento. Nenhum objeto fora levado. Nenhum testemunho corroborava essa narrativa.

A investigação revelou algo ainda mais estarrecedor: Isabella havia sido agredida antes da queda. Marcas no pescoço, indícios de asfixia e sangue em locais improváveis do apartamento reforçaram a tese de que a menina foi assassinada antes mesmo de ser arremessada pela janela. O laudo era devastador.

Em 2010, após dois anos de investigação e um julgamento que parou o país, Alexandre e Ana Carolina foram condenados. Ele, a 31 anos de prisão. Ela, a 26. Ambos ainda negam o crime.

Do prestígio à prisão

Alexandre Nardoni, que antes ostentava o título de advogado e vivia uma vida confortável, viu sua reputação ruir. Hoje, com 41 anos, cumpre pena em regime fechado e está proibido de exercer sua profissão. Na prisão, seu cotidiano é marcado por tarefas simples como jardinagem e faxina. O homem que antes lidava com leis, agora lida com vassouras e enxadas.

Ana Carolina Jatobá, por sua vez, cumpre pena em um presídio diferente. Desde a condenação, o casal nunca mais se encontrou. O silêncio entre eles é mais eloquente do que qualquer declaração. A separação física reflete também o abismo de cumplicidade que parece ter sido enterrado junto com a confiança pública.

Uma ferida que o tempo não cicatrizou

O Brasil não esqueceu Isabella. A comoção coletiva transformou-se em memória nacional. Anualmente, o nome da menina volta às manchetes, como se a sociedade ainda buscasse uma explicação plausível para tamanha barbárie.

Há quem diga que a justiça foi feita. Outros, que o caso ainda carrega lacunas. O que aconteceu realmente naquele apartamento? O que motivou tamanha violência? São perguntas que, 17 anos depois, seguem assombrando o imaginário coletivo.

A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, prefere o silêncio e a privacidade. Ela reconstruiu sua vida longe dos holofotes, mas a dor da perda é sentida em cada imagem da filha que, um dia, sorriu inocente para uma câmera — sem saber que sua vida seria brutalmente interrompida.

A conta da vida

Com a chegada da pandemia, a permanência de Alexandre na prisão se tornou ainda mais desafiadora. Internautas não demonstram qualquer compaixão. “Ainda é pouco”, dizem muitos nas redes sociais, revoltados com a possibilidade de benefícios como a progressão de regime. A comoção virou indignação — e ela se renova toda vez que o nome Nardoni volta à tona.

Mesmo dentro dos muros da prisão, Alexandre não escapa do julgamento social. A opinião pública o condenou antes mesmo do veredito final, e, para muitos, nenhuma pena será suficiente para reparar o que aconteceu naquela noite de março.

O silêncio final

A história de Isabella Nardoni é mais do que um caso policial. É um trauma coletivo. Um lembrete cruel de que o mal pode vir de onde menos se espera. É também uma ferida aberta na memória do Brasil, que insiste em não se fechar.

Enquanto isso, o tempo passa, mas o silêncio daquela noite continua a gritar. Um grito que nem mesmo a justiça conseguiu calar.