Fim da escala 6×1: o que diz a proposta que reduz jornada de trabalho para 36 horas semanais…ver mais
A discussão sobre a jornada de trabalho no Brasil ganhou força nos últimos tempos, com uma mobilização nas redes sociais levantando a ideia de mudar direitos garantidos pela Constituição. Essa mobilização é impulsionada principalmente por uma proposta de redução da jornada semanal para 36 horas, apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). A ideia já tem apoio de mais de 2 milhões de pessoas, que assinaram um abaixo-assinado organizado por um movimento fundado por Rick Azevedo, um ex-balconista de farmácia.
Tudo começou com a indignação de trabalhadores contra o que é conhecido como a “escala 6×1”, que é um regime de trabalho no qual a pessoa trabalha seis dias seguidos e folga apenas um. A deputada Erika Hilton, em suas redes sociais, expôs sua opinião sobre essa escala de trabalho, dizendo que ela “tira do trabalhador o direito de passar tempo com a família, de cuidar de si mesmo, de se divertir ou até mesmo de procurar outro emprego”. Para ela, a escala 6×1 é uma espécie de “prisão” que fere a dignidade do trabalhador.
A proposta de Hilton seria mudar a jornada de trabalho para uma escala 4×3, onde o trabalhador trabalharia quatro dias por semana e teria três dias de folga. E, para muitos, o mais interessante seria que isso não implicaria uma redução salarial. Porém, a ideia tem gerado críticas. Parlamentares e representantes de entidades empresariais apontam que essa mudança poderia trazer prejuízos econômicos, aumentar custos para as empresas e até mesmo gerar desemprego, caso fosse implementada.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também se posicionou sobre o tema, sugerindo que a redução da jornada de trabalho fosse tratada por convenções e acordos coletivos, em vez de ser uma mudança imposta por lei. Segundo ele, a jornada de 40 horas semanais é “plenamente possível e saudável” quando acordada de forma coletiva, mas a mudança para 36 horas deveria ser debatida entre patrões e empregados.
Porém, essa resposta não agradou a quem defende a redução da jornada e o fim da escala 6×1. Para esses defensores, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva poderia ser mais enfático e apoiar diretamente a causa.
A Escala 6×1: Entenda melhor
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no Brasil define que a jornada de trabalho não pode ultrapassar 8 horas diárias e 44 horas semanais, com a possibilidade de horas extras. Mas a forma como essas horas são distribuídas durante a semana não é estipulada pela lei, ou seja, as empresas têm liberdade para definir a escala de trabalho.
A escala 6×1, por exemplo, é bastante comum em setores como o comércio, onde os trabalhadores têm um dia de descanso, mas esse descanso não necessariamente coincide com o final de semana. Isso porque, muitas vezes, o único dia de folga pode cair durante a semana, o que dificulta o convívio com a família e amigos.
Dentro dessa escala 6×1, existem diferentes formas de organização. Alguns trabalhadores fazem 7 horas e 20 minutos por dia, enquanto outros trabalham 8 horas, mas com alguns dias mais curtos para compensar. O problema é que, em muitas situações, o trabalhador acaba tendo que sacrificar a sua folga para atender às necessidades da empresa.
A origem do movimento Pela Vida Além do Trabalho
O movimento que está ganhando força nas redes sociais, chamado “Pela Vida Além do Trabalho” (VAT), foi criado por Rick Azevedo, um ex-balconista de farmácia que, em 2023, gravou um vídeo que viralizou no TikTok. No vídeo, Azevedo desabafa sobre as condições de trabalho, depois de ter sido chamado pela chefe em seu dia de folga para entrar mais cedo no trabalho.
Ele, visivelmente indignado, questiona quando a classe trabalhadora vai se rebelar contra a escala 6×1, chamando-a de “escravidão moderna”, e se mostrando revoltado com o fato de muitas pessoas aceitarem essa situação sem protestar. O vídeo teve grande repercussão e ajudou a dar visibilidade ao movimento, que agora busca um maior apoio da população e dos políticos para mudar as condições de trabalho no Brasil.
Para muitos trabalhadores, a proposta de uma jornada reduzida e mais tempo livre é um sonho, mas também há um receio de como isso afetaria a economia do país e os empregos. O debate está apenas começando, e, com a crescente adesão popular ao movimento, pode ser que vejamos mais discussões sobre o tema no futuro próximo. A questão é: até que ponto as empresas, os políticos e os trabalhadores estão dispostos a mudar a forma como o trabalho é organizado no Brasil?
Confira o vídeo:
@rickazzevedoAté quando essa escravidão?? 😡#clt#escala6x1#fy♬ som original – Rick Azevedo