Esse é o voluntário que fez o impossível para resgatar Juliana, ele acabou perdendo… Ver mais

Por trás da tragédia, uma história de bravura solitária. Em meio à comoção nacional causada pela trágica morte da brasileira Juliana Marins, de apenas 26 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, um nome desconhecido até então passou a ecoar com força nas redes sociais: Agam Rinjani.
O que começou como mais uma caminhada desafiadora em uma das paisagens mais imponentes da Ásia acabou se tornando um pesadelo. Juliana caiu em uma área remota do vulcão ativo, na ilha de Lombok, na última sexta-feira (20), e permaneceu desaparecida por dias. A comoção pela busca ganhou as redes sociais, mas o verdadeiro ato de heroísmo se desenrolava nas sombras, longe das câmeras, no coração da floresta montanhosa.
Sem apoio governamental. Sem equipe de resgate oficial. Sem garantias de sobrevivência.
Foi nesse cenário que Agam Rinjani, guia local e experiente alpinista, tomou uma decisão que mudaria tudo: ele se voluntariou para encontrar Juliana – vivo ou morto.
O Silêncio da Montanha
O Monte Rinjani, segundo ponto mais alto da Indonésia, é ao mesmo tempo majestoso e traiçoeiro. Com seus mais de 3.700 metros de altitude, é conhecido por trilhas íngremes, florestas densas e mudanças bruscas de clima. É nesse ambiente implacável que Agam decidiu agir. Ele não esperou por reforços. Não procurou ajuda estatal. Apenas reuniu seu equipamento, convocou um parceiro de confiança e seguiu adiante – guiado por uma única missão: trazer Juliana de volta.
A cada passo, a névoa parecia se fechar mais. O chão, coberto por lama e rochas soltas, ameaçava engolir quem ousasse avançar. Com visibilidade quase nula e o frio cortante da altitude, Agam sabia: aquilo não era apenas uma missão de busca. Era uma luta contra o tempo, contra a natureza – e contra a morte.
O Acampamento da Esperança
Os vídeos publicados por Agam em suas redes sociais nos dias seguintes mostraram mais do que a jornada física: revelaram o peso emocional de quem carrega nas costas o destino de uma família desesperada. Em meio à névoa, ele montou um acampamento improvisado próximo à área da queda. Barracas simples, cordas, lanternas e capacetes compunham o cenário que mais parecia saído de um filme de sobrevivência.
Sem infraestrutura, alimentação adequada ou apoio técnico, ele resistiu. Dormiu pouco. Comeu o mínimo. E todos os dias, ao amanhecer, voltava a subir, enfrentando terrenos escorregadios, deslizamentos e ravinas traiçoeiras.
O Desfecho Trágico, o Legado Heroico
Na quarta-feira (25), após cinco dias de buscas ininterruptas, veio a confirmação que ninguém queria ouvir: o corpo de Juliana foi localizado sem vida em uma área de difícil acesso. Ela não resistiu à queda e às condições extremas do ambiente.
Mas, para Agam, a missão não havia terminado. Ele ainda precisava cumprir a promessa silenciosa que havia feito ao deixar sua casa: não voltar sem Juliana.
Com cuidado e reverência, ele ajudou a remover o corpo, enfrentando mais horas de descida até alcançar um ponto de resgate. Seu gesto, marcado por dignidade e empatia, comoveu milhares de brasileiros que acompanharam o caso de longe.
Herói Anônimo – Até Agora
A história de Agam se espalhou pelas redes sociais com a mesma velocidade com que a dor pela morte de Juliana se espalhava. E não demorou para que ele deixasse de ser apenas um nome exótico entre tantos da Indonésia: Agam virou símbolo de humanidade, coragem e solidariedade.
“Ele não era obrigado a nada disso. Mas foi. Porque se importava. Porque sabia que alguém precisava tentar”, escreveu uma internauta em uma publicação que viralizou no Instagram.
Hoje, ele recebe mensagens de agradecimento, homenagens e pedidos de apoio para seu trabalho voluntário. Mas para Agam, o que importa mesmo é que ele fez o que acreditava ser certo.
Uma Lição em Meio à Tragédia
A morte de Juliana Marins deixou uma ferida aberta. Mas também revelou um outro lado da tragédia: o poder transformador da empatia humana.
Num mundo muitas vezes anestesiado pelo egoísmo e pela indiferença, a história de Agam Rinjani se impõe como um lembrete de que ainda há pessoas dispostas a arriscar tudo por alguém que nunca conheceram.
E que, mesmo diante da pior das notícias, a coragem silenciosa de um homem solitário pode iluminar a escuridão da montanha – e do mundo.
