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Brasileiros fazem vaquinha para alpinista que resgatou o corpo de Juliana, o valor assusta, saib… Ver mais

Era para ser apenas mais um dia entre os gigantes de pedra da Indonésia. Mas, nas entranhas da montanha, sob o frio cortante e o silêncio fúnebre de um penhasco instável, um nome desconhecido até então começaria a ecoar além das fronteiras: Agam, o alpinista que não apenas arriscou a própria vida — ele ganhou a admiração de um país inteiro.

Tudo começou com uma tragédia. A brasileira Juliana Marins, experiente praticante de trilhas e apaixonada pela natureza, caiu durante uma escalada no monte Merbabu. O local, de difícil acesso, exigia uma missão quase suicida para resgatar seu corpo. Poucos se prontificaram. Mas Agam não hesitou.

Ele não era parente. Não era amigo. Era apenas um homem acostumado a enfrentar os perigos das montanhas — e movido por um tipo raro de coragem.

O que ele fez naquela noite gelada, porém, transcende o comum.

Com outros membros da equipe de resgate, Agam passou horas ao lado do corpo de Juliana, à beira de um abismo, enfrentando ventos congelantes e o risco iminente de deslizamentos. Tudo para garantir que ela não fosse levada ainda mais para o fundo da montanha. “Não podíamos deixá-la sozinha. Nem permitir que se perdesse naquele penhasco”, disse ele, em um vídeo emocionado.

A história rapidamente chegou ao Brasil. Mas ninguém poderia prever o que viria a seguir.


Uma Vaquinha, Uma Corrente de Gratidão

Comovidos com o relato de Agam e o grau de humanidade mostrado por alguém que sequer conhecia Juliana, internautas brasileiros começaram a pressioná-lo: “Deixe-nos retribuir.”

A princípio, ele se recusou. Disse que não havia feito aquilo por dinheiro. Disse que o resgate era sua missão como ser humano e montanhista. Mas os pedidos aumentaram. E, enfim, Agam cedeu. Afirmou que, se recebesse algo, seria dividido com os colegas resgatistas e parte seria revertida em ações de reflorestamento nos montes da Indonésia.

Foi aí que a mobilização se transformou em algo histórico. A meta era simples: R$ 100 mil. Mas, em apenas seis horas, a vaquinha bateu impressionantes R$ 350 mil. Um feito que nem os mais otimistas esperavam.

Em poucas horas, um alpinista indonésio anônimo tornou-se símbolo de honra, solidariedade e justiça – e, ironicamente, uma das personalidades mais admiradas do Brasil naquele dia.


O Peso do Dinheiro… e da Humildade

Mas o que significa esse valor na Indonésia?

Com a desvalorização da rupia indonésia, a moeda oficial do país, os R$ 350 mil arrecadados representam mais de 1 bilhão de rúpias. Para muitos, uma quantia quase inimaginável.

Para contextualizar: com Rp 1 bilhão é possível comprar um carro zero, como um Honda Brio (que custa cerca de Rp 170 milhões), e até um apartamento modesto. No entanto, esse valor ainda não torna ninguém milionário em termos práticos no país. Um simples cafezinho pode custar Rp 20.000 — cerca de R$ 6,80.

Mesmo diante da cifra bilionária, Agam permaneceu fiel à sua essência. Reiterou que o dinheiro não mudaria sua missão: proteger a natureza e ajudar pessoas em perigo. Planeja investir em equipamentos de segurança para futuros resgates, além de liderar projetos para reflorestar áreas devastadas pelo turismo predatório e queimadas.


Mais do que um Resgate, um Espelho para o Mundo

A história de Agam não é apenas sobre um ato de bravura. É um lembrete poderoso de que ainda existem pessoas que agem movidas por valores, e não por recompensas. Seu gesto, simples e heroico, despertou no público algo raro: empatia coletiva.

Em um tempo onde o individualismo parece ter tomado conta do cotidiano, Agam surgiu como um sopro de humanidade. Sua atitude mostrou que, mesmo entre abismos, há quem estenda a mão. E que, mesmo longe, somos capazes de reconhecer e recompensar o que realmente importa.

O Brasil, sem nunca tê-lo conhecido, adotou Agam como um símbolo. Um guia não apenas de montanhas — mas de consciência.


E agora, enquanto a neblina desce novamente sobre o Merbabu, a pergunta que ecoa entre os picos e vales é:
Quantos Agams ainda existem pelo mundo?
E, mais importante: Será que estamos prontos para reconhecê-los antes que desapareçam nas sombras das alturas?