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Através do formato das fezes, Preta Gil descobriu que estava com câncer; fique alerta s… Ver mais

Na manhã seguinte ao trágico anúncio da morte de Preta Gil, aos 49 anos, o Brasil se despede de uma artista autêntica e carismática — mas também de uma mulher que, em meio à luta pela vida, fez um importante alerta à população. Em uma das entrevistas mais impactantes de sua trajetória, concedida em 2023 ao programa Mais Você, Preta expôs com coragem os sinais ignorados que a levaram a descobrir um câncer colorretal em estágio avançado.

A conversa com Ana Maria Braga, transmitida para milhões de brasileiros, não foi apenas um relato pessoal, mas um apelo urgente para que mais pessoas prestem atenção aos sinais que o corpo dá, especialmente quando se trata da saúde intestinal. O que parecia ser apenas uma prisão de ventre comum acabou revelando um dos cânceres mais silenciosos e letais da atualidade.

Quando o corpo grita — e ninguém escuta

“Já estava há uns seis meses sem conseguir ir ao banheiro direito. Às vezes passava dez dias sem evacuar. E quando acontecia, vinha sangue, vinha muco, e as fezes saíam achatadas, finas como uma fita. Eu achava normal”, contou Preta, em um dos trechos mais marcantes da entrevista.

O detalhe sobre o formato das fezes, frequentemente ignorado pela maioria das pessoas, foi determinante para a identificação da doença. Segundo os médicos, a presença de fezes em “forma de fita” é um indicativo clássico de obstrução no reto — onde estava localizado o tumor que pressionava a passagem intestinal.

A cantora ressaltou ainda como a correria do cotidiano e a tendência a priorizar trabalho e compromissos fizeram com que ela postergasse a busca por ajuda médica. “A gente normaliza muita coisa. Acha que é o estresse, a alimentação, que vai passar. Mas não passa”, disse.

O susto que mudou tudo

O ponto de virada aconteceu numa manhã comum, como tantas outras. Preta foi ao banheiro e percebeu sangue escorrendo pelas pernas. “Não era pouco, era muito sangue. Comecei a me sentir mal, tive um desmaio. Me levaram correndo para o hospital”, relembrou. No pronto-socorro, após exames de emergência, a primeira tomografia já apontou um tumor na porção final do intestino.

Apesar da gravidade do quadro, Preta seguiu lutando. Fez tratamento com quimioterapia e passou por cirurgias. Sua jornada foi acompanhada por fãs, familiares e colegas do meio artístico — todos sensibilizados por sua coragem e transparência ao compartilhar cada etapa do enfrentamento da doença.

A importância da prevenção: o exame que pode salvar vidas

Um dos momentos mais educativos da entrevista foi quando Preta Gil falou sobre a colonoscopia — exame indicado para a detecção precoce do câncer de intestino. “É um exame fundamental. Nele, você vê se há pólipos e já pode remover ali mesmo. Pólipo é uma bolinha que, se não tratada, pode virar câncer.”

A recomendação do Ministério da Saúde e de especialistas é que a colonoscopia seja realizada a partir dos 45 anos — ou antes, em casos de histórico familiar. No entanto, no Brasil, o acesso ao exame ainda é limitado na rede pública, e muitos pacientes descobrem a doença tardiamente, como foi o caso de Preta.

Ela própria revelou que nunca havia feito o procedimento até o diagnóstico. “A gente acha que é coisa de velho, que não precisa. Mas precisa sim. É melhor fazer um exame desconfortável do que passar pelo que eu passei”, alertou, num depoimento que emocionou o país.

Dados preocupantes: o câncer colorretal no Brasil

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), divulgados em reportagem do Jornal Nacional, a estimativa é de que mais de 45 mil novos casos de câncer colorretal sejam diagnosticados no Brasil em 2025. A doença é o terceiro tipo de câncer mais comum entre homens e mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma e dos tumores de mama e próstata.

Embora silencioso nos estágios iniciais, o câncer colorretal tem altas chances de cura quando diagnosticado precocemente. Os principais sinais de alerta incluem mudança no ritmo intestinal, sangue nas fezes, perda de peso inexplicada, anemia e cansaço persistente.

Um legado que vai além da música

A morte de Preta Gil neste domingo (20) deixou o país em luto. Filha de Gilberto Gil, a cantora construiu uma carreira marcada pela ousadia, representatividade e alegria contagiante. Mas talvez seu maior legado tenha sido essa conversa franca e corajosa sobre saúde — um tema ainda cercado de tabus.

Preta usou sua voz até o fim. Não apenas para cantar, mas para informar, inspirar e alertar. E se sua história salvar ao menos uma vida, ela continuará vivendo em cada diagnóstico precoce que impedir uma despedida como a sua.