Após taxação: Lula pede para conversar com Trump e acaba recebendo um grande… Ver mais

Em um cenário de tensão crescente nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, lançou luz nesta terça-feira sobre a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da resistência do presidente norte-americano Donald Trump em abrir canais de diálogo. “Não é um telemarketing”, resumiu Gleisi, ao reforçar que conversas entre chefes de Estado exigem preparo diplomático e reciprocidade.
A afirmação da ministra surge em meio à pressão de setores econômicos brasileiros para que o governo federal busque ativamente uma negociação com os Estados Unidos, especialmente após rumores de um novo tarifaço por parte da administração Trump contra produtos brasileiros. Porém, segundo Gleisi, insistir em uma conversa sem que haja disposição do outro lado seria inócuo e até contraproducente.
“O presidente Trump disse que não quer conversar agora, então não adianta o presidente Lula buscar a conversa. Uma negociação entre dois chefes de Estado tem uma preparação dos negociadores para que isso aconteça. Não é um telemarketing”, declarou a ministra, em um tom que mistura franqueza e crítica sutil à política externa do governo norte-americano.
Silêncio estratégico
Apesar das pressões internas e da gravidade da possível crise comercial, Lula tem adotado uma postura de espera. De acordo com Gleisi Hoffmann, o presidente brasileiro nunca se recusou ao diálogo, mas aguarda uma sinalização concreta da Casa Branca.
“Lula nunca ficou indisposto em conversar, mas obviamente só vai acontecer quando tiver condições de que os EUA também ofereçam para nós abertura para essa conversa e negociação comercial que desejamos fazer”, explicou.
A fala da ministra indica que, nos bastidores, o governo brasileiro se mantém atento, mas evita um movimento precipitado que possa ser interpretado como fraqueza ou desespero político diante das barreiras comerciais em potencial.
O impacto do tarifaço e a postura brasileira
O temor de um novo tarifaço por parte dos Estados Unidos tem movimentado Brasília. Produtos do agronegócio, aço e alumínio estão entre os setores mais sensíveis, já que os EUA são um dos principais destinos das exportações brasileiras. O governo Trump, por sua vez, tem endurecido a retórica protecionista, reacendendo atritos que haviam sido atenuados nos últimos anos.
No entanto, Gleisi reforçou que o Brasil não depende exclusivamente dos Estados Unidos. “Não temos hegemonia de país para nossas vendas. Temos um mercado muito amplo no mundo”, declarou, lembrando que a diversificação de mercados internacionais é uma das prioridades do governo Lula em sua atual gestão.
Congresso alerta, mas cauteloso
Outro ponto relevante da coletiva foi a breve menção às conversas com os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Segundo Gleisi, ambos os parlamentares foram informados sobre as movimentações e preocupações do Executivo diante da possibilidade de sanções comerciais norte-americanas.
“Conversei rapidamente por telefone. Eles não estão aqui em Brasília, vão chegar mais no final da semana. Combinamos de nos encontrar”, afirmou a ministra, sinalizando que a questão pode ganhar destaque no Legislativo nos próximos dias.
A interação entre os Poderes neste momento pode ser fundamental para construir uma resposta unificada do Estado brasileiro frente a um eventual recrudescimento da política tarifária dos EUA.
Um impasse que revela mais do que comércio
O silêncio de Trump diante da disposição de Lula para o diálogo não é apenas uma questão protocolar. Analistas apontam que a postura do governo norte-americano reflete uma estratégia mais ampla de reposicionamento geopolítico, em que o Brasil pode estar sendo usado como peça em uma disputa maior com o eixo sul-global.
Para o Palácio do Planalto, manter a dignidade diplomática sem ceder a pressões externas tem sido o tom adotado por Lula. A expectativa é de que o Brasil consiga contornar o impasse por meio de articulações multilaterais e reforço em alianças comerciais alternativas, como com a União Europeia, China e países do Mercosul.
Conclusão: diplomacia em compasso de espera
Enquanto o Planalto aguarda um gesto de boa vontade da Casa Branca, a fala de Gleisi Hoffmann deixou claro que o governo brasileiro está disposto a dialogar — mas sem subserviência. A metáfora do “telemarketing” usada pela ministra revela mais do que um desabafo: indica um esforço consciente em manter o respeito institucional e evitar que o Brasil se submeta a uma lógica de imposição unilateral.
Até que Trump mude de tom, o Brasil segue atento, paciente e estrategicamente posicionado. E os próximos capítulos dessa tensão diplomática prometem fortes impactos não apenas nos gabinetes de Brasília e Washington, mas nas lavouras, portos e indústrias de todo o país.
