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Após taxação: Lula fala sobre Trump ser preso e deixa todos chocados ao dizer q… Ver mais

Presidente brasileiro afirma que, se Donald Trump tivesse feito no Brasil o que ocorreu no Capitólio em 2021, já estaria sendo processado como Jair Bolsonaro. Petista também promete retaliar tarifas de 50% impostas por Washington.

Em entrevista concedida nesta quinta-feira (10/7) à TV Record, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom ao comentar as recentes declarações e medidas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Lula não apenas traçou paralelos entre Trump e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como também criticou duramente a nova política tarifária americana, que impõe uma taxa de 50% sobre produtos exportados do Brasil aos EUA.

Para Lula, se Trump tivesse cometido em solo brasileiro os atos que protagonizou em Washington, ele já estaria enfrentando as mesmas consequências legais impostas a Bolsonaro após os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando sedes dos Três Poderes foram invadidas por extremistas.

“Eles precisam respeitar a Justiça brasileira, assim como eu respeito a americana. Se o que o Trump fez no Capitólio tivesse acontecido aqui, ele já estaria sendo processado como o Bolsonaro, talvez até preso. Foi um ataque à democracia e à Constituição”, afirmou o presidente durante a entrevista.

A fala de Lula ecoa em um momento de tensão diplomática, impulsionada pela decisão de Trump — que lidera as pesquisas republicanas para a eleição presidencial de 2024 — de aumentar as tarifas sobre produtos brasileiros. Em uma carta enviada ao governo brasileiro na quarta-feira (9/7), Trump alegou que o Brasil “não está sendo bom” com os EUA e afirmou que o país “ignora os interesses comerciais americanos”.

Tarifas e política: entre ameaças e retaliações

A medida anunciada por Trump não é isolada. Ele já vinha ameaçando desde o início de seu primeiro mandato a adoção de tarifas agressivas contra países que, segundo ele, não atendem aos interesses comerciais dos EUA. Desta vez, o foco recaiu sobre o Brasil e os países do grupo BRICS, que Trump acusa de formar uma aliança que “enfraquece a economia americana”.

Na carta divulgada pelo ex-presidente, além das tarifas, há críticas diretas ao tratamento dado pela Justiça brasileira ao ex-presidente Jair Bolsonaro e referências à atuação do Judiciário contra a desinformação nas redes sociais. Trump classificou a situação como “vergonhosa” e sugeriu que há perseguição política no Brasil — narrativa similar à defendida por aliados de Bolsonaro.

Segundo Lula, essa postura de Trump reflete uma tentativa de interferência direta nos assuntos internos do Brasil. O presidente ainda afirmou que Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), têm influência direta sobre o líder norte-americano.

“O Eduardo Bolsonaro fez a cabeça do Trump. O ex-presidente brasileiro concorda com essa taxação, está alinhado com ele. Ao invés de defender o Brasil, ele compactua com quem nos ataca economicamente”, disparou Lula.

Negociação ou reciprocidade: Brasil prepara resposta

O impacto das novas tarifas é sentido com preocupação por setores importantes da economia brasileira, especialmente indústria e agropecuária, que têm nos EUA um dos seus principais mercados consumidores. Diante disso, Lula garantiu que o governo irá buscar uma solução diplomática inicialmente, mas não descarta uma resposta firme.

“Vamos negociar primeiro. Mas, se não houver entendimento, a Lei da Reciprocidade será aplicada. Se ele cobra 50% de nós, nós cobraremos 50% dele”, afirmou o presidente.

A Lei da Reciprocidade permite que o Brasil adote medidas equivalentes contra países que impõem barreiras comerciais injustificadas às exportações nacionais. A estratégia já foi utilizada em outros momentos de tensão internacional e pode ser ativada novamente caso as negociações com Washington não avancem.

Democracia em jogo

Ao retomar a comparação entre os episódios do Capitólio, nos EUA, e os ataques de 8 de janeiro em Brasília, Lula destacou que o que está em jogo não é apenas o comércio exterior, mas o respeito às instituições democráticas.

O presidente brasileiro disse confiar na autonomia do Judiciário e defendeu o papel da Suprema Corte nos processos que envolvem figuras públicas, inclusive ex-presidentes.

“Não me meto no Judiciário. Aqui no Brasil, o Supremo é autônomo e age dentro da lei. Quem ataca a democracia, quem tenta golpe, precisa responder pelos seus atos — seja Bolsonaro, seja Trump, seja quem for.”

Cenário tenso e imprevisível

A escalada de declarações entre Brasil e Estados Unidos, impulsionada por interesses eleitorais e disputas ideológicas, tende a tornar o cenário diplomático mais instável nos próximos meses. Com a possibilidade de Trump retornar à Casa Branca em 2025, o Brasil já se prepara para enfrentar um eventual endurecimento nas relações bilaterais.

Enquanto isso, Lula aposta no diálogo internacional e na pressão por respeito mútuo entre as nações — mas deixa claro que o país não aceitará ser intimidado.