Lula responde a Trump em artigo no The New York Times e defende soberania brasileira
Presidente usa jornal internacional para mandar recado firme
Após dias de uma crise diplomática sem precedentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou, neste domingo (14), um artigo no jornal The New York Times. No texto, Lula enviou um recado direto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que a soberania do Brasil “não está na mesa” de negociações.
Defesa da democracia e orgulho da decisão do STF
No artigo, apresentado como uma resposta “aberta e franca”, Lula destacou a condenação histórica do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Estou orgulhoso da Suprema Corte brasileira pela decisão histórica […]. Isso não foi um ‘caça às bruxas’”, escreveu o presidente. Para ele, a decisão reafirma o compromisso democrático do país e reforça a independência das instituições brasileiras.
Tarifa de 50% aumenta tensão diplomática com os EUA
O ponto central da mensagem foi a crítica às tarifas impostas pelo governo americano, que atualmente chegam a 50% sobre produtos brasileiros. Lula declarou que o Brasil está disposto a negociar acordos que tragam benefícios mútuos, mas deixou claro que democracia e soberania nacional não serão objetos de barganha. “Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. No entanto, a democracia e soberania brasileiras não estão na mesa”, afirmou.
Lula cita discurso de Trump na ONU para reforçar argumento
Em uma estratégia diplomática, Lula usou as próprias palavras de Trump em um discurso feito na ONU, em 2017, quando o americano defendeu o “respeito mútuo” entre nações soberanas. O presidente brasileiro ressaltou que é justamente dessa forma que enxerga a relação entre Brasil e Estados Unidos, defendendo que o equilíbrio deve estar na base da cooperação internacional.
Condenação de Bolsonaro amplia impacto internacional
O artigo foi publicado dias após a Primeira Turma do STF sentenciar Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado. A decisão, que envolveu também outros sete aliados do ex-presidente, repercutiu internacionalmente e provocou reações duras do governo americano, que reforçou as barreiras comerciais contra o Brasil.
Resposta de Lula é vista como sinal de resistência
Analistas apontam que o artigo no The New York Times foi a manifestação mais contundente de Lula desde o início da crise diplomática. A publicação reforça a imagem de firmeza do governo brasileiro diante das pressões externas, ao mesmo tempo em que mantém a porta aberta para o diálogo. O gesto é interpretado como uma tentativa de equilibrar resistência política e busca por negociação em meio a um cenário de alta tensão entre os dois países.
