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URGENTE: Moraes diz que Bolsonaro pode ser preso a qualquer momento se… Ver mais

O cerco ao ex-presidente Jair Bolsonaro se apertou ainda mais nesta segunda-feira (21). Em um novo despacho, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a proibição da veiculação, transmissão ou retransmissão de entrevistas do ex-mandatário nas redes sociais — mesmo quando feitas por terceiros. A decisão ocorre em meio ao agravamento do processo judicial que Bolsonaro enfrenta, após medidas cautelares serem aplicadas na última sexta-feira (18), que incluem o uso de tornozeleira eletrônica e o toque de recolher noturno.

A decisão de Moraes tem potencial explosivo. Ao vedar entrevistas nas redes sociais, o STF impede Bolsonaro de utilizar qualquer meio digital, ainda que indiretamente, para propagar suas declarações públicas. Isso inclui vídeos, áudios e até transcrições de falas do ex-presidente, mesmo que publicadas em contas de aliados ou veículos de imprensa que se utilizem das plataformas digitais. A justificativa: impedir o descumprimento da ordem judicial que o proíbe de usar redes sociais, sob pena de prisão.

“A medida cautelar de proibição de utilização de redes sociais, direta ou indiretamente, imposta a Jair Messias Bolsonaro inclui, obviamente, transmissões, retransmissões ou veiculações de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas de redes sociais de terceiros”, escreveu Moraes no despacho. “O descumprimento implicará revogação imediata das cautelares e decretação da prisão.”

Entrevista sob pressão

A decisão foi publicada poucas horas após Bolsonaro conceder entrevista à jornalista Andréia Sadi, do portal G1, em que negou envolvimento com a nova tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A taxação, anunciada duas semanas atrás, partiu do presidente Donald Trump — figura com quem Bolsonaro sempre manteve forte alinhamento político.

“Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira”, disse o ex-presidente. “Eu não tenho contato com autoridades americanas.”

As declarações surpreendem, principalmente por destoarem da postura adotada anteriormente por sua família. Desde o anúncio da tarifa, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, tem se movimentado em território norte-americano, buscando articulações com setores políticos e empresariais dos EUA, inclusive apresentando-se como interlocutor de interesses brasileiros — o que o próprio Bolsonaro agora nega.

“Eduardo não pode falar em nome do governo do Brasil”, enfatizou o ex-presidente, tentando se distanciar de qualquer envolvimento formal com as ações do filho.

A guerra das tarifas e o jogo político

O anúncio da sobretaxa americana gerou forte reação diplomática no Brasil. A justificativa do governo Trump, formalizada em carta enviada ao presidente Lula, inclui críticas às decisões do STF e ao tratamento dado a Bolsonaro, que Trump chegou a classificar como vítima de uma “caça às bruxas”.

O gesto de Washington, interpretado como um sinal de interferência política externa em assuntos internos do Brasil, alarmou o Palácio do Planalto e aumentou as pressões sobre a atuação da família Bolsonaro em solo norte-americano.

Não à toa, Eduardo Bolsonaro vem intensificando sua atuação nos EUA desde o início do ano, inclusive oferecendo ajuda a figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em possíveis negociações com representantes do governo Trump.

Na última quinta-feira (17), em visita ao Senado, Bolsonaro voltou a sinalizar disposição para atuar no front diplomático, ao afirmar que, se pudesse recuperar seu passaporte, teria condições de negociar diretamente com Trump para suspender as tarifas.

“Acho que teria sucesso numa audiência com o presidente Trump. Estou à disposição. Se me derem o passaporte, negocio”, disse, em tom desafiador.

Medidas firmadas e risco iminente

Com a decisão de hoje, Moraes endurece o controle sobre o ex-presidente e responde a um movimento que, na visão do STF, busca contornar restrições impostas pela Justiça. Na prática, mesmo que Bolsonaro não publique diretamente conteúdos em redes sociais, qualquer tentativa de divulgação de suas falas nas plataformas poderá ser considerada violação à decisão judicial.

A Primeira Turma do STF já formou maioria para referendar as medidas cautelares impostas, citando a necessidade de proteger a soberania nacional e minimizar riscos de fuga do investigado. O clima em Brasília é de tensão crescente: aliados de Bolsonaro se dizem perseguidos, enquanto opositores veem na decisão do Supremo um passo decisivo para impedir tentativas de deslegitimar o Judiciário e inflamar as redes com desinformação.

A proibição de entrevistas não é apenas simbólica. Ela silencia uma das principais armas de Bolsonaro: sua comunicação direta com a base. E, diante do novo quadro, o ex-presidente se vê cada vez mais cercado — dentro e fora das redes.