“Eu tenho vergonha de usar tornozeleira”, dispara Jair Bolsonaro

Na manhã desta sexta-feira, 18 de julho, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou com indignação sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o uso de tornozeleira eletrônica como medida cautelar. A declaração foi feita durante entrevista à Band News e teve um tom claramente de desabafo.
“Tenho vergonha de andar com isso. Qual risco eu ofereço à sociedade? Que perigo eu represento de fuga? Nenhum!”, afirmou Bolsonaro, visivelmente inconformado. Segundo ele, a situação é humilhante e completamente desproporcional. “É degradante, cara. Sinceramente… é coisa de quem quer me destruir.”
O caso está relacionado ao inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo aliados do ex-presidente. Bolsonaro é um dos principais alvos dessa investigação conduzida pela Polícia Federal com autorização do STF. E nesta mesma sexta, como parte das diligências, agentes da PF cumpriram mandados de busca em endereços ligados ao ex-presidente.
Além da tornozeleira, Moraes também impôs outras restrições: Bolsonaro está proibido de manter contato com Eduardo Bolsonaro, seu filho e deputado federal licenciado pelo PL de São Paulo, que atualmente encontra-se nos Estados Unidos. Também não pode acessar redes sociais — o que, pra quem conhece o histórico digital de Jair, é praticamente cortar uma das pernas do ex-presidente. Ele é conhecido por fazer uso constante das plataformas digitais pra falar direto com sua base de apoiadores.
Na entrevista, Bolsonaro insistiu que não teme a prisão. “Tô com 70 anos. Já vivi bastante. Não tô com medo, nem com preocupação, mas também não sou de ferro. É uma injustiça tremenda me prenderem, uma covardia. Não fiz nada de errado.” Segundo ele, tudo isso seria uma tentativa de perseguição política. “Não é por tornozeleira, não é por redes sociais. É porque querem me tirar do jogo. Me deixar inelegível não foi o suficiente”, completou, dando a entender que há um movimento para eliminar qualquer chance de retorno político seu nos próximos anos.
A situação gerou reações imediatas nas redes. Aliados mais próximos classificaram a decisão como “abuso de autoridade”, enquanto críticos do ex-presidente argumentam que a medida é legal e necessária pra garantir o andamento das investigações. Há quem diga que Moraes está apenas aplicando a lei com rigor e que qualquer outro investigado no lugar de Bolsonaro já estaria até preso há tempos.
Vale lembrar que o ex-presidente já responde a outros processos — como o caso das joias sauditas, as polêmicas envolvendo vacinas na pandemia e os questionamentos sobre a legalidade das eleições de 2022. Mesmo assim, ele segue aparecendo com força em pesquisas eleitorais para 2026, o que aumenta ainda mais a tensão política ao redor de tudo isso.
Fato é: o clima esquentou de novo. E não parece que vai esfriar tão cedo. A decisão de Moraes jogou gasolina num fogo que já vinha ardendo — e, com a polarização que vive o país, cada novo capítulo dessa novela vem acompanhado de torcida, críticas e um barulho gigantesco nas redes e nos bastidores de Brasília.
O Brasil continua dividido, e o ex-presidente segue no centro do furacão.