Tragédia no Céu: Acidente com Balão em Praia Grande Deixa Oito Mortos e Um País em Luto
Por alguns minutos, o céu de Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, foi cenário de um sonho: 21 pessoas sobrevoavam um dos cartões-postais mais belos do Brasil. Mas o que começou como uma manhã de contemplação terminou como uma das maiores tragédias da história recente da região.
Pouco depois das 7h deste sábado (21), um balão de ar quente decolou com turistas, casais, amigos e profissionais da saúde a bordo. O que ninguém poderia imaginar era que aquele voo seria o último para oito passageiros.
Mãe e Filha Unidas Até o Fim
Entre as vítimas, estavam Leane Elizabeth Herrmann, de 70 anos, e sua filha, Leise Herrmann Parizotto, de 37. Leane era moradora de Concórdia (SC), e Leise, médica reconhecida em Blumenau por seu atendimento humano e acolhedor. Elas estavam acompanhadas da terceira filha de Leane, Leciane, que sobreviveu ao acidente.
“Eram inseparáveis. Fizeram tudo juntas nesta vida… e agora seguiram juntas também”, lamentou um parente emocionado durante o velório realizado em Concórdia.
O Inferno em Pleno Ar
Relatos de sobreviventes e testemunhas descrevem momentos de pânico absoluto. Um incêndio, cuja causa ainda está sob investigação, teve início poucos minutos após a decolagem. A suspeita é de que o fogo tenha começado em um maçarico reserva — equipamento de segurança que, ironicamente, pode ter provocado a tragédia.
Com as chamas se alastrando rapidamente, o piloto ordenou: “Pulem!”. Alguns passageiros conseguiram se lançar ao solo enquanto o balão ainda estava a baixa altitude. Outros, talvez tomados pelo pânico ou sem tempo de reagir, ficaram a bordo. Após perder peso com os primeiros saltos, o balão subiu novamente — e, logo depois, caiu em meio à vegetação nas proximidades da Cachoeira do Bom Jesus.
Cidades em Luto, Vidas Interrompidas
A tragédia abalou não só Praia Grande, mas também cidades vizinhas e estados inteiros. Concórdia, Blumenau, Seara e outras localidades amanheceram mergulhadas em dor e perplexidade. Entre os mortos também está o médico Andrei Gabriel de Melo, de 34 anos, que atuava em Fraiburgo e era admirado pela dedicação à profissão.
No total, 14 pessoas sobreviveram, algumas com ferimentos graves. Entre elas, Leciane, a única da família Herrmann que resistiu. Seu estado de saúde é estável, mas o trauma psicológico é imensurável.
Investigação em Andamento
Equipes da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Científica estão mobilizadas para entender o que causou o incêndio e por que o balão não conseguiu realizar um pouso de emergência. A aeronave pertencia à empresa Sobrevoar, que suspendeu suas atividades e divulgou nota lamentando profundamente a tragédia. O piloto, um dos sobreviventes, prestou depoimento e afirmou ter feito o possível para salvar os passageiros.
As autoridades trabalham com cautela, mas já indicaram que todas as hipóteses estão sendo consideradas: falha técnica, negligência operacional ou até erro humano.
Sobreviventes: Entre a Dor e o Milagre
Os relatos dos sobreviventes são marcados por gritos, fumaça, calor extremo e a angústia da incerteza. Cada um deles carrega agora uma história de horror e resistência. Uma mulher que conseguiu saltar pouco antes da queda descreveu o momento como “a linha tênue entre a vida e a morte”.
Muitos dos resgatados ainda estão hospitalizados, e a prefeitura de Praia Grande decretou luto oficial. A cidade, conhecida como a “Capital dos Cânions”, suspendeu todas as atividades relacionadas ao balonismo até o fim das investigações.
O Voo que Nunca Será Esquecido
O acidente reacende o debate sobre a segurança no turismo de aventura no Brasil. O balonismo, prática crescente em várias regiões do país, ainda carece de regulamentações mais rígidas e fiscalização constante.
Enquanto autoridades buscam respostas e as investigações avançam, o sentimento é unânime: a dor das famílias, o luto das comunidades e a perplexidade diante de uma tragédia que transformou o céu em silêncio.
Por muito tempo, Praia Grande não será lembrada apenas por sua paisagem espetacular — mas pela manhã em que o azul do céu foi tomado pela fumaça, pelas lágrimas e por uma tragédia que jamais será esquecida.
