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Moraes bate o martelo e diz a Bolsonaro que de segunda não passa a s… Ver mais

STF nega novo pedido de adiamento, e julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe começa na segunda-feira

O cerco jurídico ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apertou mais uma vez. Nesta sexta-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou pela segunda vez um pedido da defesa do ex-mandatário para adiar as audiências de testemunhas no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A decisão mantém o cronograma da Corte, que prevê o início das oitivas já nesta segunda-feira (20), e reforça a intenção do STF de dar celeridade a um dos casos mais emblemáticos da história política recente do Brasil.

Audiências mantidas: núcleo central do suposto plano golpista

As primeiras testemunhas a serem ouvidas fazem parte do chamado “núcleo 1” da denúncia — grupo descrito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o responsável direto pela articulação do plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Esse núcleo inclui militares da reserva, assessores próximos a Bolsonaro e figuras-chave de seu círculo político, acusados de conspirar para desacreditar o sistema eleitoral e inviabilizar a transição democrática.

Defesa alega volume “inalcançável” de provas

A estratégia dos advogados de Bolsonaro foi alegar cerceamento de defesa. Segundo a petição, a Polícia Federal liberou recentemente cerca de 40 terabytes de novos dados — entre documentos, áudios, vídeos e mensagens —, o que tornaria impossível a análise completa do material antes das audiências.

Para a defesa, prosseguir sem examinar esse acervo fere o direito ao contraditório e à ampla defesa. No entanto, Moraes refutou a alegação e afirmou que os novos arquivos não alteram os fundamentos da denúncia já aceita pelo STF.

“A disponibilização desse material, entretanto, em nada alterou os fatos imputados na acusação, cuja instrução probatória terá início com a audiência para oitiva das testemunhas indicadas”, escreveu o ministro em despacho oficial.

Repetidas tentativas de adiar o processo

Esta é a segunda tentativa formal de Bolsonaro para atrasar o início das oitivas. No último dia 13, a defesa já havia solicitado a suspensão com o argumento de falta de acesso integral aos autos — também negado por Moraes.

Nos bastidores jurídicos, a insistência é vista como manobra para ganhar tempo e reorganizar a linha de defesa diante de um processo considerado sólido em provas e indícios.

Um julgamento com potencial histórico

A ação penal contra Jair Bolsonaro não é apenas mais um processo judicial. Trata-se de um caso que pode redefinir os limites da responsabilidade institucional de um presidente da República. É a primeira vez desde a redemocratização que um ex-chefe do Executivo responde formalmente por suspeita de tentativa de ruptura democrática.

O julgamento deve atrair atenção internacional, tanto pela gravidade das acusações quanto pelas implicações políticas que pode gerar. Se condenado, Bolsonaro pode se tornar inelegível, abalando os planos do PL para as eleições de 2026.

Repercussões políticas: um partido em alerta

Dentro do PL, a movimentação no STF é acompanhada com tensão. A legenda vê com preocupação o avanço do processo e teme um impacto direto no capital político de Bolsonaro, que ainda é visto como principal liderança da direita no país.

Aliados do ex-presidente classificam a atuação de Moraes como “perseguição política judicializada”. Já opositores consideram o andamento da ação como um passo necessário para a responsabilização de lideranças envolvidas em tentativas de abalar a ordem constitucional.

Conclusão: o relógio da Justiça começou a correr

Com a negativa de Moraes e a manutenção das audiências, o processo contra Jair Bolsonaro entra definitivamente em sua fase mais sensível. Os próximos dias devem marcar um divisor de águas entre a política e a Justiça brasileira — um teste crucial sobre até onde vão os limites da impunidade e da democracia no país.