Notícias

Jovem trans engravidou e se tornou pai solo aos 20: “Não fui respeitado”

O IMPACTANTE RELATO DE YURI GAMA DEÇA: UM HOMEM TRANS, UMA GRAVIDEZ SURPREENDENTE E O DESAFIO DA PATERNIDADE SOLO

Yuri Gama Deça, um jovem de 20 anos de São José (SC), jamais imaginou que uma simples ida ao médico mudaria sua vida para sempre. Ele buscou ajuda por sintomas que não faziam sentido, como enjoo e pressão baixa, mas o que descobriu foi muito além do esperado: estava esperando um bebê.

A DESCOBERTA QUE MUDOU TUDO

A consulta revelou não apenas uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), mas também uma gravidez inesperada. “Eu estava me sentindo mal, fui ao posto de saúde e descobri que estava com sífilis. Fiz o tratamento, mas ainda sentia outros sintomas. Perguntei à médica e ela sugeriu um teste de gravidez”, conta Yuri.

O jovem já havia feito um teste meses antes, quando enfrentou uma suspeita de gravidez ectópica. Mas, dessa vez, o resultado foi diferente. Em casa, ao abrir o teste de farmácia, lá estava: positivo. Ainda incrédula, sua mãe pediu um exame de sangue, que confirmou a esperança de um bebê.

O DESAFIO DA GRAVIDEZ SENDO UM HOMEM TRANS

Ter filhos nunca esteve nos planos de Yuri. Além do medo do julgamento social, a gravidez trouxe desafios íntimos. “O crescimento da barriga me causava dismorfia, era difícil me olhar no espelho”, compartilha.

Para evitar olhares e comentários, o jovem passou a maior parte do tempo dentro de casa, dedicando-se ao trabalho remoto. “Eu não era muito respeitado e isso me deixava mal. Mas, quando descobri que ia ser pai, fiquei feliz. Minha família também. Foi um choque, mas todos me apoiaram. Sempre diziam que eu era o menos provável a ter filhos, talvez por eu ser um garoto trans.”

A PATERNIDADE SOLO E A REDE DE APOIO

O pai biológico de Sofia, fruto de um relacionamento breve, não assumiu a paternidade e se afastou. “Ele nunca me viu como homem de verdade. Quando terminamos, passou a me desrespeitar e dizer que eu era uma mulher”, relata Yuri. Diante disso, decidiu encarar sozinho a criação da filha, contando apenas com o suporte da família.

Se, por um lado, teve apoio familiar, por outro, perdeu amigos. “Dos dez que eu tinha, sobrou um. Depois que a Sofia nasceu, ele veio me ver. Os outros sumiram.”

O RENASCIMENTO COM O PARTO

Se gestar foi difícil, o parto foi transformador. Yuri descreve o nascimento da filha como um momento de renascimento. “Foi maravilhoso. A criança saiu e, de repente, subiu uma alegria. Tudo mudou.”

 

 

Com a chegada de Sofia, novos desafios surgiram. Conciliar os estudos e o trabalho com a paternidade solo exige dedicação total. “Decidi voltar para a escola quando ela tinha um mês de vida. Quero terminar os estudos para garantir um futuro melhor para ela.”

UM FUTURO COM SONHOS E PROPÓSITO

Apesar dos desafios, Yuri não se arrepende da jornada e tem um objetivo claro: criar um vínculo profundo com sua filha. “Quero aproveitar cada momento ao lado dela. Quero ser mais que um pai, quero ser um amigo. Quero que ela tenha liberdade para se expressar e falar tudo o que sente.”

A história de Yuri é um retrato potente de resiliência e amor incondicional. Um testemunho real de que a paternidade transcende gênero e está, acima de tudo, enraizada no amor e na coragem.