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Velório e sepultamento de Soraia é marcado por lágrimas e desespero…VER MAIS

Sob comoção e tristeza, familiares, amigos e moradores da cidade de Mafra, no interior de Santa Catarina, despediram-se nesta terça-feira (14) da menina de apenas quatro anos, vítima de uma tragédia que abalou toda a comunidade. O velório foi realizado na Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) e atraiu dezenas de pessoas, todas em busca de dar um último adeus à criança, que era descrita como uma menina doce e alegre. O enterro aconteceu às 15h, no Cemitério da Roseira.

Um crime que abalou a cidade

O caso que chocou Mafra aconteceu durante a madrugada, na casa onde a família vivia. Segundo informações da Polícia Militar, a irmã mais velha da vítima, de 22 anos, atacou a menina com uma faca enquanto ela dormia, desferindo golpes fatais em seu pescoço. A cena foi de desespero: os pais, ao se darem conta da situação, tentaram socorrer a filha, levando-a às pressas para o hospital. No entanto, os ferimentos eram muito graves, e a menina não resistiu.

As investigações iniciais apontam que a agressora estava em um aparente surto psicótico no momento do ataque. Após cometer o ato, ela se trancou em um quarto, utilizando móveis para montar barricadas e armando-se com duas facas. A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar, tentou negociar sua rendição, mas a jovem resistiu. Diante da situação, os policiais usaram spray de pimenta e uma arma de choque para contê-la. Foi necessário arrombar a porta do quarto para detê-la.

Depois de ser imobilizada, a mulher foi levada para atendimento médico e, posteriormente, colocada sob custódia da Polícia Civil. O caso deixou os moradores de Mafra em estado de incredulidade e dor, levantando uma série de reflexões sobre saúde mental e violência doméstica.

Uma criança querida pela comunidade

A pequena, que frequentava um Centro de Educação Infantil na cidade, era muito amada por professores e colegas. “Era uma menina iluminada, cheia de vida e que espalhava alegria por onde passava”, comentou uma das educadoras da instituição. Em sinal de luto, escolas e outras instituições locais emitiram notas de pesar, demonstrando solidariedade à família enlutada. Muitos moradores compareceram ao velório para prestar homenagens e oferecer apoio aos pais, que estão devastados pela perda.

Reflexões sobre saúde mental e prevenção

A tragédia trouxe à tona debates urgentes sobre saúde mental e a importância de se identificar sinais de alerta antes que situações como essa aconteçam. Especialistas destacam que surtos psicóticos, como o relatado no caso, podem ser desencadeados por uma combinação de fatores, incluindo transtornos psiquiátricos não tratados, estresse extremo e histórico de conflitos familiares.

“A saúde mental ainda é um tabu em muitas famílias, e isso pode agravar casos que poderiam ser tratados ou prevenidos com o acompanhamento adequado”, explica uma psicóloga consultada por veículos locais. Ela ressalta a necessidade de campanhas educativas e serviços de apoio que cheguem até as pequenas cidades, onde, muitas vezes, o acesso à assistência psicológica é limitado.

Esse debate não é novo, mas ganha relevância diante de tragédias como a de Mafra. Em 2023, por exemplo, o Ministério da Saúde lançou um programa de incentivo à expansão dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil. Porém, especialistas apontam que ainda há um longo caminho a percorrer para que o atendimento chegue a todas as regiões de forma eficaz.

O impacto na comunidade

Além da dor da família, a cidade de Mafra também sente o impacto dessa tragédia. Muitos moradores relataram dificuldade em assimilar o ocorrido. “É algo que ninguém imagina que possa acontecer em uma cidade pequena como a nossa”, disse um vizinho da família, ainda abalado.